Acerca de mim

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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Poemas à solta

 
Solto uma frase ao acaso
e ela voa ligeira.
Junta-se a outra, e mais outra,
como se a frase fosse gente,
gente que grita em revolta,
criança com fome que chora,
nasce o poema à solta,
mas sem liberdade completa.
Engole o receio, o poema,
de ir parar à rua fria,
caminha livre, quiçá escravo,
esfrangalha-se todos os dias,
no bolso não tem um "chavo",
mas medo de ser despedido.
Sobram-lhe dias ao poema,
faltam letras ao jantar.
Sobra-lhe a raiva ao poema
e a vontade de gritar...
Sai do livro,
vai para a rua,
põe o cravo na lapela
e solta a voz aprisionada.
solta frases, liberta letras,
sobe ao palanque,
fala de Abril, liberdade.
Pois que culpa tem Abril
de que o mundo não avance?!
Poemas!
Poemas somos nós todos,
sejamos com rima ou sem rima!
Temos que acabar com aqueles
que comem a antologia!
A antologia e os livros,
o trabalho e a dignidade,
contra os corruptos gritemos,
por Abril, em liberdade!

sábado, 2 de abril de 2016

Primaveras que tardam, Verões que escaldam





Segredos do Inverno aberto aos quatro ventos
entram Primavera fora e não há quem os detenha.
Esvoaça a neve sobre os rebentos dos freixos,
a neve cobre os chougarços prontos a parir.
A cerejeira encosta o ouvido à pereira e pede-lhe remédio
para segurar a brancura que está quase a assomar-se.
A pereira diz-lhe: Se quiseres que o teu vermelho
sirva de pecado a todos quantos olhos passem,
tens que suster as contracções do parto.
Há ventos que ferem os sentidos,
caiem os frutos por lhe haverem cortado o cordão,
rente ao umbigo,
neblinas que confundem os olhares das flores acabadas d´abrir,
segredos dum tempo que ninguém é capaz de descobrir.


Primaveras que tardam, Verões que escaldam.



(An mirandés)

Primaberas que tárdan, beranos que scáldan


Segredos de l eimbierno abierto als quatro aires
éntram primabera afuora i nun hai quien ls detenga.
Sbolácia la gelada anriba ls gromos de ls freixos,
la niebe cubre ls chougarços cumpridos, prontos a parir.
La cereijeira ancosta l´oureilha a la pereira
i percura-le por malzina para sigurar la brancura
que stá quaije a assomá-se.
La pereira diç-le: Se quieres que l tou burmeilho
sirba de pecado a quantos uolhos pássen,
tenes que sustener ls puxos de la pariçon. 
Hai aires que scadárçan ls sentidos,
cáien ls frutos por le habéren cortado las bides
mui rente als ambeligos,
nubrineiros que cunfúnden ls mirares de las flores
acabadas d´abrir,
segredos dun tiempo que naide ye capaç de çcubrir.

Primaberas que tárdan, beranos que scáldan.


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