Dói a espera.
Nem sei se o que dói é a espera
se é o medo
de não ter por que esperar.
Num banco de jardim sentado
espera o dia saturado
de pardacento ser noite
sem horas de noite ser.
Chega a noite,
chora o dia
sem saber o que fazer
pois que o dia já foi noite
e a noite,
não deixou o dia ser.
Dói a espera
disse a Lua
no seu estado de mingar
dando voltas e mais voltas,
sentindo saudades loucas
da noite, por ela a esperar.
E quando chega a lua
com a pontinha a brotar
diz o dia:
que afortunada é a noite
que sendo noite
às vezes parece dia,
com poetas para inspirar.
Espera o dia, outro dia,
espera a noite e outra chega,
espera a lua, a luz de volta,
a vida é chegada e espera.