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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Algarve- A 1ª Impressão

Ouve-se muitas vezes dizer, “não gosto do Algarve”. Eu própria já o disse nos finais da década de setenta, princípio dos anos oitenta.
Partimos os quatro, o meu marido, eu e os nossos dois filhos, o mais velho com quatro anos, o mais novo com dois. Partimos de Mirandela, seguindo para Lagos no outro extremo sul. Um Fiat 128 carregado com a tenda e toda a tralha necessário para o campismo e as vestes suficientes para um mês, panelas, aquelas coisas da cozinha para evitar comprar lá, porque o dinheiro era preciso esticá-lo para mal chegar.
O Ricardo tem que fazer praia por causa da rinite e da asma alérgica, dizia-nos o alergologista e, estas palavras custavam-nos uma pipa de massa. Tínhamos experimentado o norte mas era frio, muito frio, não só a água como também a noite dos parques. Havia sempre muita quantidade de roupa para lavar, porque os miúdos muito se sujavam e era mais do que natural com a terra leve e escura no meio dos pinheiros. Lembro-me, na Nazaré, ter ficado com um pulso aberto de tanta roupa lavar à mão.
Assim, decidimo-nos pelo Algarve durante o mês de Agosto. Inteirinho, de um a trinta e um sem tirar nem pôr. Saímos às dez da noite e chegámos a Lagos de manhã.
Não imaginávamos que o Algarve era tão concorrido e que no Algarve éramos tratados abaixo de cão. Assim foi connosco e o era, com quase todos os portugueses.
Tenda montada, cozinha edificada, avançado para as refeições, um fio para secar a roupa e lá estávamos nós preparados, para ficar no hotel /parque com pensão completa.
Quem fez campismo com crianças sabe perfeitamente que as compras dos víveres são diárias.
O Zé passava as manhãs nas filas para comprar o gelo para a mala térmica, peixe, legumes, pão, etc., etc… Chegava ao parque à hora de eu começar a fazer o almoço, sopa incluída, todos os dias. À tarde íamos para a praia, logo a seguir ao almoço porque nessa altura ainda não se sentiam os efeitos do buraco do ozono.
Houve um dia, pelo menos esse, em que fomos antes do almoço. Devo ter preparado qualquer coisa para meter na mala térmica para nós e para as crianças. Nunca mais me pude esquecer desse dia. Na praia ficámos vizinhos duns jovens casais do Porto, tal como nós com filhos e tal como nós, almoço na marmita. Comemos, conversamos, partilhámos os almoços sempre em amena cavaqueira. Chegou a hora do café e lá fomos ao bar/restaurante da praia. Seis cafés, pedimos ao balcão.
Só servimos cafés a quem almoça, respondeu-nos o empregado. Todos nortenhos naquele fim de mundo que afinal já não era o nosso país.
Educadamente procurámos contrapor que isso não fazia sentido e que não saímos dali sem tomarmos os cafés. Ele continuava na sua. Até que, um dos jovens do Porto com aquela pronúncia característica disse: Ou você nos serve os cafés ou bou ao carro buscar uma marriêta que lha fodo esta merda tuôda!...
O empregado, acagatado, foi falar com o patrão, e este disse-lhe que nos servisse os cafés.
Na verdade ninguém gosta de ser tratado assim e muito menos no seu próprio país. Jurei que nunca mais havia de por os boots no Algarve.
Não cumpri o juramento. Em Maio de oitenta e cinco fomos convidados para a festa de inauguração de uma casa de um casal amigo, fomos de autocarro fretado para o efeito, uma festa animadíssima. Lembro-me que o autocarro entrou em Armação de Pêra para vermos a praia e de pela primeira vez ter visto alfarrobeira, quando, na região de Silves perguneti ao meu marido o que era aquela árvore. Depois, fomos para casa deles sem que eu fizesse a mínima ideia onde se situava.
Apercebi-me à tarde, quando os quatro saímos para tomar um café e, olhando para trás num altinho, vi o mar. Que maravilha, pensei!...
Em Setembro, o casal emprestou-nos a casa para passarmos quinze dias de férias. Adorei, aliás adoramos todos, incluindo o meu pai que também estava connosco. Nunca mais deixámos de vir aqui. Sou uma transmontana que se sente aqui como se da minha terra se tratasse e, quando alguém me diz que não gosta do Algarve eu penso que já não haverá razão para não gostar, a não ser que estejam cá no mês de Agosto num daqueles sítios muito frequentados e horríveis com é por exemplo a Quarteira, Armação e muitos mais. Nós nunca passamos cá o mês de Agosto. Esse é para estar na aldeia, em Mirando do Douro.
Aqui continuamos a vir a este sítio pacato a quatro quilómetros da praia, sem confusões, sem barulho, uma paz quase semelhante à da minha Especiosa, onde da mesma forma ouço as cigarras, vejo o céu estrelado e acima de tudo contemplo o mar lindíssimo e me evado tantas vezes.
Ontem à tarde fizemos um giro pela Serra de Monchique, mesmo até a Fóia, a novecentos e vinte metros de altitude. Nunca lá tinha estado, tinha ido só até Monchique. É uma maravilha a paisagem que de lá se pode comtemplar!...
Depois irei escrever sobre isso. Adoro o Algarve.

2 comentários:

  1. Bom dia minha boa amiga!

    Mas que sortuda, de férias no Algarve! Também eu gostava de estar aí.
    É verdade que tempos houve em que o Algarve não era propriamente o local mais indicado para a maioria dos portugueses, eramos tratados abixo de cão. A primeira vez que fui ao Algarve foi em 1994, tinha os meus filhos de 1 e 2 anos e, mesmo ficando hospedada num hotel (aparthotel)não fui tratada com o mesmo respeito e a mesma dignidade que se é hoje. O bom acolhimento e a simpatia era para todos aqueles estrangeiros que lá se encontravam.
    Chegamos muitas vezes a sair de alguns restaurantes, por falta de atendimento ou atendimento tardio, reclamar era o prato forte do meu marido.
    Hoje felizmente é bem diferente! Agora já gosto de ir ao Algarve.
    Boa férias amiga e vai-nos encantando com a tua escrita!

    Beijocas,

    Isilda

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  2. You solo naqueilha altura ye que achei un tratamiento abaixo de desoumano. Apuis zde 1986/7 que ancomecei a andar muito porqui nunca mais achei nade de special.
    Quanto al nun seres atendida ne ls restourantes you julgo que se debe mais a la meleza de que son atacados. Inda se fala de ls alentejanos... a las bezes até me apetece abanar...Bota-te a camino que te dou cama i peixico grelhado ou doutro modo. Stube agora a fazer carapau alimado, ben que el sabe bien friu.

    Beisicos, Eisildica.
    Beisicos

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