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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Um Olhar




Era fim de tarde no meu olhar,

olhar de contemplação e espera.

Fim de tarde de dias longos,

de sol lânguido,

de pôr-do-sol lento e sedutor.

Bastaria um leve pestanejar  

para que as folhas se agitassem no meu olhar.

 Espreito a quietude e entro nela.

O entardecer abraça os meus pensamentos,

a noite a deixar-se cair lentamente

 beija as minhas loucuras.

Era fim de tarde no meu olhar

e foi assim que em ti me detive.

Desci  dele lentamente

como quem quer ver mais perto,

planei, e, logo que vi com nitidez

os contornos do teu corpo,

como que em voo picado e

águia com golpe certeiro à presa,

lancei-me sobre os teus perfumes e,

com um estremeção os pensamentos

em que me tinha detido despertaram,

e ali estava eu a fitar-te com enlevo,

a sorver cada momento.

Então sentii que no meu olhar

Já não morava o fim de tarde.

Como horta regada, era manhã. 







UN MIRAR (mirandés)




Era fin de tarde ne l miu mirar,

mirar de ouserbaçon i spera.  

Fin de tarde de dies lhargos,

de sol abatido,

de çponer debagaroso i atiradiço.

Bundarie un lebe piçtanhar

para que las fuolhas se alborotássen ne l miu mirar.

Spreito la medorra i entro neilha.

L antardecer abraça ls mius pensares,

la nuite a deixar-se cair a pouco 

beisa las mies chocheiras.

Era fin de tarde ne l miu mirar

i fui nel que me ambaí.

Abaixei del debagarico cumo quien quier ber

de mais acerca, suberti, i,

assi que bi cun clareza ls lhemites

de l tou cuorpo, cumo an bolo relhistro

i águila certeira a la caça,

botei-me subre ls tous cheiros 
i, cun un stremeçon

ls pensares adonde m´habie ambarado spertórun

i alhá staba you ancandilada a mirar-te,

a sorber sfregante a sfregante.

 Fui assi que bi que ne l miu mirar

yá nun moraba la fin de tarde.

Cumo huorta regada, era manhana.

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