Bateu-me à porta de mansinho como quem não me quer acordar mas ainda assim, não quer deixar de me ver. Vinha radiante, com um brilho muito especial no olhar.
Esfreguei os olhos, estiquei os braços bem para cima e saltei da cama.
As esplanadas estão cheias de gente, gente que toma um refresco enquanto seca o fato de banho, gente que simplesmente quer apanhar sol enquanto lê um livro eleito para aeste verão, em qualquer esplanada de café.
Os freixos dos jardins, esses coitados tentam segurar as últimas folhas, a todo o custo as seguram, na esperança de retardar o sopro de ar frio a passar-lhe no corpo nú. No centro da avenida, as árvores continuam verdes e esvoaçantes. No jardim lá ao fundo, o ocre e o amarelo predominam, iluminados por uma luz que a cada passo lhes faz fechar os olhos e virarem-se para o lado norte, com medo de ficarem demasiado tostadas.
Chegou-me o cheiro a mosto nos cantares saídos da televisão que me lembraram as vindimas, chegou-me o perfume das maçãs colhidas em cestas de vime e espalhadas no chão da velha casa, sobre as tábuas largas de madeira. Chegou-me o sabor das compotas, a lembrança dos licores a macerar na despensa para ser feito no Natal e enfrascado a preceito, em frascos de vidro transparente.
Calcei uns sapatos rasos de pele fina, vesti umas calças de licra e uma túnica de algodão, daquelas que me serviam de vestido na altura em que ia à praia.
Tomei o pequeno-almoço no terraço e ao fim bebi o café que não dispenso pela manhã. Peguei na trela e, depressa a minha cadela percebeu que íamos dar uma bela caminhada.
Bem vindo Outono!!!
A Jomba havia de ter gostado deste carinho e da caminhada.
ResponderEliminarBela maneira de te fazeres ao Outono amiga!
Beisicos