Doem-me as folhas
A desprenderem-se dos galhos
Nestes dias de chuva.
O sol passa entre as nuvens
Alumia o sofrer dos ramos
Exibindo a lingerie
Numa quase nudez de corpo.
O vento abana a dignidade
Aos pedúnculos
Das folhas onde já só corre
Um fiozinho de paixão.
I assim abanam, abanam
Fixando os seus dedos
Aos frágeis sonhos
Que vão resguardando.
Giadas hão-de chegar
Para com elas levar
O calor da cinza
Que lhe vai chegando.
Dói-me a primavera
Teimosa
Que não se encosta
Aos galhos que se vão amofecendo…
Tempos houve
Em que as florestas
Cantavam cantigas
Aos dançares dos rebentos.
Doem-me as cantigas
A mandarem caminhar
Por caminhos que se vão enlameando…
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