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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Sem a minha canção


 

 

Se eu conseguisse destruir o dique

e as palavras livremente me escorressem,

tentaria escrever para ti uma canção,

com

 a música de gestos e palavras,

aquelas palavras que não digo,

que não ouço,

gestos que não tenho,

quando solitária caminho

ao lado duma multidão também solitária,

 sonâmbula,

olhando sem nada ver,

tocando sem nada sentir,

seguindo neste tempo

num egoísmo a não deixar abrir

as portadas e as cortinas

para que o reverdecer dos campos

 lhe entre através dos vidros.

 

Olha!

Há Primavera lá fora,

há flores a abrir,

hortas a crescer,

 indiferentes

à falta das palavras do poema!

 

Olha a margaça a falar com a papoila,

o lírio a abraçar a rosa,

a urze a beijar a giesta,

a violeta a crescer na friesta

 e a sorrir para os picos do tojo

 indiferente ao picar;

 uma aqui, outra ali,

algumas ou em multidão,

misturam aromas,

desabafam queixumes,

partilham alegrias e prantos

e,

quando de cortinas abertas

eu olho para além da vidraça

 eu vejo que sem a minha canção,

em harmonia elas nascem,

 crescem, murcham e morrem

e não sentem solidão

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