Acerca de mim

A minha foto
Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Ao Kubi, meu pai, caçador profissional de crocodilos e caçador- guia profissional de Safaris

Kubi, Juan Morera Muntadas e equipa, em Moçambique. Era a equipa que com ele trabalhava, quando era caçador de crocodilos e que depois transitou para a Safrique.
Safari de Andrea Tronconi. Kubi e Anna Tronconi
Duas pontas de elefante caçadas na república Centro Africana




O elefante só tinha um dente. Gigantesco como se pode ver.

Este era um elefante de Moçambique. Os dentes são mais arqueados do que os dos elefantes da República Centro Africana, que sendo mais longos e direitos, permitem que o animal penetre na floresta equatorial mais facilmente.
_________________ _____ _____ __ _
Seu nome António Augusto Monteiro; entre os amigos passou a ser Kubitchek, devido ao Português abrasileirado que falava quando chegou à Beira nos fins de 50 ou início de 60.
Depois Kubi, por ser mais fácil e, sinceramente mais doce e musical.
Foi caçador de crocodilos por conta própria e posteriormente caçador-guia de safaris.
Nesta actividade trabalhou na empresa de Francisco Salzone e posteriormente na Safrique. Em resultado de um ataque terrorista por um grupo armado acoitado junto à pista de aviões do acampamento de Inhamacala que vitimou uma figura importante de Espanha, o médico do general Franco os safaris foram cancelados. A rastejar e debaixo de fogo conseguiu chegar à metralhadora, fazer fogo e pôr o grupo em debandada. Um colega que também ia a rastejar, quando ele se levantou para correr, gritou-lhe: Kubi, deita-te no chão! Ele via o pó que as balas levantavam. Só morremos quando tivermos que morrer. Viria a morrer trinta e um ano depois com uma embolia pulmonar, em dois mil e quatro. Demasiado cedo...
 
O turismo cingético de Moçambique extinguiu-se em Manica e Sofala tendo alguns safaris sido transferidos para as coutadas do Limpopo. Em consequência disso, os caçadores-guia tiveram de partir para outros destinos cinegéticos.

Apaixonado e aventureiro com sempre foi, continuou a sua actividade, durante várias épocas de caça, na República Centro Africana e posteriormente no Sudão.

Era um exímio contador de histórias e foi a ouvir as suas aventuras em África que os meus filhos cresceram e, tal como ele, aventureiros, corajosos, honestos.
O neto mais velho e eu ouvimo-lo naquela que foi a sua última tarde de narrativas das suas vivências no Sudão. Faleceu nessa noite, vítima de uma embolia pulmonar. Histórias inacabadas foi o que me ficou na mão semi-cerrada.

Quando penso nessa tarde sinto uma saudade imensa e um nó muito grande no peito, num misto de revolta e perda.
Poder-se-iam ter repetido essas histórias por mais tempo se ele tivesse tido a assistência médica adequada e oportuna e por isso a dor é mais intensa.

Eu tive um pai
Caçador em África
Que tinha o coração
Do tamanho do mundo.
A contar histórias de safaris,
Escapou-me da mão
E voou!...
O espaço está vazio
Nesta mão inerte
Que não sou capaz de fechar.
Perdoa-me Deus, mas
Porque me privaste?
Eu tive um pai
Que amou
E nos ensinou a amar África...

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

    ResponderEliminar
  2. Estou aqui, Adelaide, arrepiada, com lágrimas nos olhos, absolutamente rendida às palavras pungentes que te saíram da ALMA, nessa regressão ao passado e às memórias do teu pai.
    O que dedicas ao teu pai é lindo e comovente. As imagens fascinantes e... como não podia deixar de ser fizeram-me regredir no tempo.
    África, amiga, corre-me no sangue. Diria não (SÓ) poeticamente, mas porque casei com uma Angolano, que me deu o filho mais lindo do mundo. O meu filho, por incrível que pareça nutre a mesma paixão, embora nunca tivesse lá estado.
    Caminhar contigo e pelas tuas memórias foi beber um pouco da tua sensibilidade e colorir um tanto este dia teimosamente cinzento.
    Voltarei mais vezes, Adelaide. Prometo-te!!
    Beijos, amiga!
    Vóny Ferreira

    ResponderEliminar
  3. Olá Vony!

    Desculpa por não te ter respondido.
    África corre nas veias e nunca a ninguém é indiferente quando mais a nós, que sorvemos a sua imensidão e magia.

    Um abraço!

    ResponderEliminar

Seguidores

Arquivo do blogue