Acerca de mim

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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Pelo menos esta noite!


Fui dar uma caminhada atravessando o parque da cidade, construído a jeito das pessoas amantes da natureza. Atravessado por um pequeno curso de água, relva bem cuidada, árvores viçosas, bancos de madeira pintados de castanho e com a inclinação adequada às costas, como convém. Gosto daquele sítio, onde pode dar as voltas que quiser em círculos, trinta minutos cada percurso a andar bem. Ainda há Câmaras cujos responsáveis que um dia por lá passaram, fizeram alguma coisa que não fosse atentado à saúde mental e física das pessoas e massacre da natureza em benefício do betão armado.
Apesar do dia a ameaçar chuva saí de casa. O parque era quase exclusivamente meu. Caminhei até me cansar; desci dois degraus e sentei-me no banco virado para o riacho. Na mochila tinha um livro, Istambul, de Orhan Pamuk. Não me apeteceu ler e fiquei em silêncio, de olhar distante sem que aparentemente nada visse daquilo que estava ao alcance dos meus olhos.
O relógio do tempo tirou-me treze anos, naquele preciso momento. Não são muitos, afinal o que são treze anos. Os degraus, os escassos dois degraus multiplicaram-se por dezenas e vi-me naquele preciso momento nas escadarias do Sacré Coeur que subimos duma assentada até lá acima. É certo que ao fim estavamos quase sem fôlego, mas subimos. treze anos feitos em Agosto, um Agosto quente em Paris, a viagem de carro para lhe fazer a rodagem.
Não era essa viagem que desejaria fazer, preferia uma praia onde se recuperasse do cansaço. Depois mudei de ideias e ao fim dos dez dias e de longas caminhadas, a sair aqui do metro, para entrar noutro lado, para ir ver mais isto e mais aquilo na avidez dos quase cinquenta anos, a avidez de viver quando já se sente que se passou da meia idade.
Fui à calista pédicure tratar os pés, massajar os músculos que sentia tão tensos do excesso de trabalho em correrias durante todo o ano e os exames no mês de Julho. Sempre me senti tensa em época de exames. Pensava que a idade me daria mais tranquilidade, mas não!
Comprei sandálias macias. Tenho um toque delicado e as minhas mãos grandes têm uma sensibilidade fora de comum ao toque. Os pés também e de que modo!
E lá fiquei naquele banco de madeira com o livro ao lado a reproduzir a película de há treze anos, a contemplar Paris, do Sacré Coeur. A vista magnífica sobre a cidade que já tínhamos percorrido nos dias anteriores, o jantar num restaurante indiano em Monmartre, o passeio a pé depois de jantar, até o Moulin Rouge. Os convites para entrarmos nos espectáculos porno-eróticos: Parle italiano? Spanhol? Portugais? Não sei porquê, mas na grande parte das vezes éramos considerados italianos. Os convites feitos ao meu marido através de olhares das mulheres sentadas nos bancos ao balcão, nos inúmeros bares desse bairro de prostituição, uma entrada numa sex shop.
Uma volta de carro pela cidade para ficar com ua ideia global da sua beleza nocturna, passagem pelo túnel onde dois dias depois, a Princesa Diana viria a falecer, o regresso ao hotel ali perto.
O calor durante o dia, as idas ao hotel no pico do calor, para descansar. Um banho, cama com os lençóis brancos impecavelmente feita de lavado, o convite para deitar, o amor fresco dos quarenta aos cinquenta, o filme a rebobinar nos corpos refrescados pela climatização, eu a rebobiná-lo agora.
O percurso dos Castelos do Loire, o dia passado no Futuroscópio como crianças na viagem de ida, Chartres na de regresso, com as suas ruas estreitas, os vinhos, a catedral dificilmente captada pela objectiva no retrato, de tão alta.
Decidi que naquele momento e pelo menos até a manhã seguinte teria menos treze anos.
Prometi a mim própria voltar a Paris tenha a idade que tiver, subir ao Sacré Coeur, quiçá de elevador.
Prometi isso a mim própria quando entrei no carro, ao escurecer, para ir para casa. Pelo menos esta noite, pelo menos esta noite quero ter quarenta e sete anos!

2 comentários:

  1. Oulá Amiga!

    Tamien you subi dua assentada ls degraus de l Sacré Coeur, i fui cumo se nada se tubisse passado mas esso fui binte anhos atrás. Palmilhei Paris de lhés la lhés. Era outro tiempo, las mies pernicas lhebában-me adonde you querie. Hoije subir las scaleiras que me lheban al quarto de drumir, deixa-me sin fôlego.
    Diç-me l médico: tenes que caminar 1 hora por die! Mas arranjamos siempre ua çculpa - falta de tiempo...

    Beisos,

    Isilda

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  2. la falta de tiempo ye ua çculpa sfarrapada. bóta a caminar.
    Beisos

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