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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

domingo, 8 de agosto de 2010

Faltam orvalhos

Secam-se-me as palavras como se seca o Planalto neste Agosto que não nos dá noites amenas de orvalho. O vento sopra na solidão dos cabeços, seca-se a água nas fontes, esgota-se nos poços para manter frescos os pequenos oásis. Mais um balde, um cegonho que chia em seus madeiros a friccionarem-se, um motor ronca, a água brota do poço, apertada nas mangueiras. Pouco depois, engasgado com o combustível deixa de respirar, a água deixa de correr, os feijoeiros choram de sede.
Vais-te tramar comigo se por tua culpa a horta se me seca!
Puxa a corda para dar à ignição, por instantes parece que irá recomeçar, mas num desânimo de vida gasta, vai-se abaixo, os braços deixam de ter força, o motor vence. Pragueja, mas em vão.
Malvado dum raio, rebento-te esse monte de metal cinzento se me obrigas a puxar a corda do balde para tirar a água do poço para que eu continue a atender aos pedidos de socorro que a horta me está fazendo.

Faltam-me as noites húmidas que me tragam orvalho aos lameiros e neles me fiquem marcados os passos, me molhem os sapatos, me refresquem e me mostrem o caminho de regresso a casa sem que para isso outros sinais de passagem deixe que não aqueles que marcaram os pés, quando de manhãzinha antes do nascer do sol, caminho pelos campos.

Faltam-lhe as pernas que sejam capazes de seguir a vontade de caminhar, faltam-lhe os caminhos que se façam curtos, faltam-lhe as mãos fortes que ponham o motor a tirar água do poço, falta-lhe a esperança de voltar a plantar horta, faltam-lhe as melodias a aflorarem aos lábios, falta-lhe a voz para cantar as canções que vai treinando para que ao menos a letra lhe fique na memória.

Falta-me o aroma da Primavera fresca neste Outono em que, contra a minha vontade, o tempo me faz cair a folha.

Falta-me a música dos dias de festa…
Faltam-me os chilreios da longínqua infância!

Faltam-te orvalhos que te refresquem a pele seca, os olhos baços, o corpo hirto!





1 comentário:

  1. Amiga adelaide: Linto o teu texto agosto é mesmo assim então esta ano vai mesmo calor para secar poços e tudo, mas estamos no Verão que na tua terra é calor de matar ainda recordo os verãos que por lá passei nos anos 86 87 e 88, mas adoro o Alto Douro, no Passado dia 17 de Julho estive Junto a Régua numa quinta com uma linda paisagem para o Rio Douro.
    Um beijo
    Santa Cruz

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