Procuro-me em ti…
No teu ventre de menina, nos teus sonhos desfeitos, nas lágrimas que secavas no lençol mordido pela tua raiva e, com o teu orgulho não as mostravas.
No teu crescimento interrompido, para que eu pudesse crescer em ti…
E o que foi que eu te disse, enquanto acariciava os tecidos do teu ventre?
Não chores mãe, pois tu não vês que eu serei a Estrela que iluminará os teus passos?
Enquanto flutuo na tua dor, eu sonho!...
Não sabes que a cada gesto teu, enquanto puxas a foice ou o arado, eu navego em ti para outros mundos, para onde te levarei?
Procuro-me no teu grito... engolido pela dor que encobriste quando saí de ti e gritei bem alto…estou aqui!
Procuro-me no meu choro,... interrompido pelo teu seio quente ou pela água da cântara, que eu ensolada bebia, sempre que a sombra do castanheiro, teimosa de mim fugia.
Procuro-me em cada gesto teu... no campo de trigo dourado, esventrado pela tua mão, enquanto eu, com grilos e joaninhas brincava e dormia.
Procuro-me na tua beleza de mulher… que cresceu enquanto eu crescia.
Procuro-me nos meus amores de adolescente... escondidos em recados no meio dos livros e nos beijos dados à pressa, que de ti escondia.
Procuro-me na semente do imbondeiro,... tão bondosa e bela como aquela que tão cedo germinou em ti.
E Vês!…
Cumpri as promessas…
Levei-te aos mundos que dentro de ti tinha descoberto.
Ouviste o riso traiçoeiro das hienas e o rugido do leão a rasgar o silêncio das noites quentes, na floresta.
Cheiraste a terra molhada e secaste no teu corpo a roupa, também ela molhada pela chuva quente.
Respiraste ar puro, partilhado com gente honesta.
Procuro-me na minha vida a correr... e é a correr que te encontro, que vos encontrava aos dois!…
Procuro-me agora... em cada vinco do teu já marcado rosto e culpo-me, por te mostrar tão pouco, os vincos que vão surgindo no meu.
Procuro-me em ti... e tenho medo de não te encontrar!...
Acerca de mim
- Adelaide Monteiro
- Sintra/Miranda do Douro, Portugal
- Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.
sábado, 14 de fevereiro de 2009
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Muito bonito! Acho que a Maria José vai gostar. Beijos
ResponderEliminarObrigada Rui, por tudo o que és.
ResponderEliminarA tua avó Zé, vai gostar sim!...
Beijos
You, que sou la tue mai.
De las cousas mais guapas que tengo lido estes redadeiros tiempos... i tengo lido cousas bien guapas. Palabras assi pónen-me ls pelos de punta.
ResponderEliminarCumo creciu esta poetisa a la selombra de l Naso i nunca dei por eilha?
Bien haias por tanto,
Amadeu
Fui cun l´auga d l creijal i las batatas de la Funtásia.
ResponderEliminarUn die zafiamos las nuossas halbelidades.
A força e a beleza da poesia esvoaçam no planalto através de Adelaide Monteiro.
ResponderEliminarParabéns!
Xi coração.
às vezes, Teresa; às vezes!!!
ResponderEliminarObrigada.
Foi uma catarze...