Escrevo-te neste dia, um dia depois do teu dia.
Quis escrever-te ontem, mas não encontrei aquele doce que te queria mandar dentro do envelope para que o saboreasses ao ler a carta. Daquele que tu gostavas e que quando sobrava o comíamos pela calada da noite, tu ou eu, conforme o que mais cedo acordasse a madrugada. Ambos de sono leve, por vezes dávamos um encontrão ao atravessar a sala e comíamos o doce a meias, outras, o último a acordar bebia um copo de água para engolir o desalento.
Queria mandar-to com o molho bem docinho como gostavas, sem me interessar com a carta. Que se manchasse a carta de castanho, que importava!
Também hoje não te mando o doce, falta-me o jeito e há ingredientes que não tenho, são cheiros que não tenho onde os colher para lhe darem o aroma e sabor a preceito.
Mas escrevo-te para te mandar a saudade que me arrasa de cansaço, para te dar o beijo que me ficou suspenso naquela tarde em que se fez noite ao meio dia.
Tenho estrelas cadentes a deslizar nas faces que se extinguem no meu peito molhado, uma chuva de estrelas cadentes das que tu vias nas noites em que só a ti aquele céu estrelado pertencia, porque ninguém como tu era capaz de o ver.
Hei-de fazer para ti um poema doce, tão doce como o doce que te fazia,... um poema que leve as cores e os aromas que ambos tão bem conhecíamos, um poema com maresia, fruta fresca, um gin tónico com a rodela de limão, um whisky com duas pedras de gelo, um café...
Havemos de o comer a meias à dentada, ora tu, ora eu...
Acerca de mim
- Adelaide Monteiro
- Sintra/Miranda do Douro, Portugal
- Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.
sábado, 20 de março de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Seguidores
Arquivo do blogue
-
▼
2010
(143)
-
▼
março
(22)
- ADEUS- de Eugénio de Andrade
- Porquê
- Aprendei a amar, diz-nos ela
- Nas asas do vento
- A Primavera por um dia
- A caminho da raia seca
- Se...
- Escrevo-te
- São flores de dores e melancolia
- É agora ou nunca mais será
- Libertação da mulher- Raizes Bíblicas
- Para viver verdade
- Nem sei porque te escrevo
- Porque sou livre
- Chamastes Maio
- Solta o beijo
- Navega, barco perdido
- Todos os dias
- Vestido de chita
- I had a farm in África
- Quero dormir, tanto, tanto...
- Lancei-te ao vento
-
▼
março
(22)
Sem comentários:
Enviar um comentário