Acerca de mim

A minha foto
Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O barco é corcel, o barco é meu leito

O tempo é corcel
troteando a vida
em sinuosos caminhos.

Há um rombo do tempo
no barco a sangrar
e há a gaivota perdida
sem mastro a chorar.

Chora alvoradas
em que os cios das águas
despertavam marés
e sente-lhe as mágoas
a rebentar o convés.

O barco é corcel
o barco é meu leito.

E o tempo tão célere
foge-me dos horizontes
em inúteis esperas
de melhores marés
no corcel do meu peito.

O barco a afundar...
E a gaivota esvoaça
no cimo do mastro
doutro barco a passar.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sei dos esboços...

Não sei que caminho tomar para seguir-te, não sei a que vento, não sei a que calmaria, a que tempestade ou bonança encomende os meus passos.
Vivo na intemporalidade dos sonhos, na permissão dos dias, na anuência dos esboços que se me semeiam no percurso que se me vai traçando.
Não quero o ontem, vivo o hoje e, com esse viver eu traço os caminhos de amanhã em desenhos subtis que se me gravam no peito, me trespassam a alma.
Quem sabe se o futuro terá tinta na paleta!...
Há-de ter! Diz-mo o esquiço que vou fazendo na alma e que me pede mais pinceladas desse tempo que há-de ser tempo de temperança.
Não sei que caminhos tomar para chegar, abraçando tempos de solidões marcadas em traços ténues para que se vão apagando nos dias, nas noites, nos crepúsculos, nos amanheceres.
Sei dos esboços, sei do hoje em luta por um amanhã.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Chega-me...


Há um frio cortante no ar que me chega ao Planalto, vindo da Serra de Sanábria já branca, tonalidades do tempo de Natal.
Há um calor imenso que me chega da paisagem lindíssima que através dos vidros vislumbro, tons vermelhos, ocres e castanhos, paleta que tantas vezes elejo na minha pintura.
Olho para as telas dependuradas nas paredes, de tons quentes, para logo a seguir os meus olhos se espraiarem pelas matas de carvalhos com pequenas nuances verdes aqui mais próximas e, abstraindo-me dos caixilhos da porta e semicerrando as pálpebras, vejo um quadro que bem poderia ter sido eu a pintá-lo.
Chega-me o aroma a marmelo, o cheiro adocicado da marmelada feita ao pé do lume ao serão, uma mais doce, outra intermédia em doçura e para mim com pouquíssimo açúcar, já que gosto dela a saber ao marmelo.
Chega-me o som do crepitar da lenha a fazer-me companhia e a conversar comigo, neste silêncio em que gosto de permanecer depois de todos se deitarem.
Chega-me o aroma do licor de poejo, de hortelã da ribeira, verdes como o mar e de sabores com a frescura campestre e o doce amargo do de cereja silvestre, dum vermelho escuro lindíssimo. Hoje à noite outro aroma se lhes juntará, o de folha de figueira, ainda a macerar na despensa.
Chega-me o som dos sinos a indicar-me a hora marcada de deixar as correrias de infância, o recolher a casa, a comichão que as camisolas e meias de lã de ovelha que a minha mãe tricotava me causavam, mas que tinha que vestir porque eram quentes.
Chega-me a saudade antes de me ir...
Chega-me...

sábado, 6 de novembro de 2010

Vai!

Há um aperto que o teu olhar denuncia que não te deixa ver com nitidez o oceano onde por hábito te soltas.
Há uma lágrima a fazer dique no rio do teu sorriso.
Há um aperto na tua alma que não te deixa sonhar.
Deixa que a lágrima deslize no meu ombro, depois destila-a e com ela rega a flor que te está a murchar no regaço. Olha-a e observa os estames que de repente se carregaram de pólen. Nada é mais belo que uma flor no regaço de mulher.
Solta-te!
Solta-te, como se fosses um papagaio nas mãos duma criança que, inadvertidamente, o deixou escapar num dia de ventania.
Vai!

Queres ser papoila

Já foste papoila
Moçoila
De trigais
De caminhos
E carreiros
Dianteiros

Já foste papoila
Moça
De vermelho
Excitante
Estonteante
Aroma.

Queres ser papoila
Madura
Cor esvanecida
Vivida
Vida
Ternura.

Seguidores

Arquivo do blogue