Acerca de mim

A minha foto
Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Um grito

Estão cansadas as palavras,
os rios secos, a erva a cheirar a estio
antes de tempo vencida
e as hastes
onde quiz enrolar os sonhos...
caíram com o vendaval
numa terra entorpecida.

Tanto tempo levei,
tanto o tempo me levou,
pouco o tempo me deixou
no relógio que parou.
Não!
Por favor,
não prometas mais nada!
Sempre as tuas promessas
foram rasuradas,
borradas e apagadas
não restando delas

nem um gemido de morte,
uma súplica, um grito...
Um grito fui eu,
de revolta!

terça-feira, 20 de maio de 2014

Dois e não três



 Dois amores ficaram
Do que de tudo restou.
Em número de três...
Só gosto da folha de trevo
Que de quatro se diz dar sorte,
De três flores
Ornadas em ramalhete
Com verduras, uma ou três.
Três pés tem o banco
de onde caí
E da queda me ficou
A cicatriz no sobrolho
Marca de infância irrequieta.
Agora cravaram-se dois espinhos
Na terceira que sou eu.
Eu e eles, não somos três…
Quero arranca-los depressa
Mas os espinhos estão tão fundos
Entrelaçados pelo tempo
Que eu temo que fique lá dentro
A ponta como veneno.
Dois amores me ficaram
Do tempo que era só meu…

Eles e eu
Somos três.
 
 
 
 
 
 

sábado, 26 de abril de 2014

O morrer dos dias


Sobram passos
por se terem perdido
no desacreditado caminho ...
e, os que foram ficando,
nunca mais avançam no trilho.
Há minutos que sobram,
horas a faltar ao calendário,
dias perdidos que não voltam,
beijos a requentar no borralho
sem nunca aquecerem bocas,
beijos frios a degelar
em líquido que nunca há-de reconfortar
o peito que está vazio.
Beijos dados sem pontaria,
errando o alvo legítimo,
beijos que de tão amargos
mais valia não terem nascido.
Faltam passos
sobram passos,
faltam dias,
sobra caminho...

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Calou-se o poema


 Desatei as palavras
e deixei-as a voar…
As palavras assim libertas
entraram numa nuvem branca,
ninho onde o poema nasceu.
Declamei-o com vigor
para tu o ouvires,
para me aninhar num sorriso teu.
Mas não!
A tua alma não ouviu o meu poema,
medrado em gotas de chuva…
Esboça um sorriso!
Quero ver os teus olhos a nadar nos meus…
Os lábios fechados
frustraram o poema
e quando se abriram era tarde demais...
Procurei-o na noite…
Dissipou-se na nuvem,
por falta de amor e,
como estrela cadente,
apagou-se...

quinta-feira, 20 de março de 2014

Para ti pai


Desculpa pai por ontem nada te ter deixado aqui. Andei a embalar um menino, o Mirandês, por terras de Estremoz.


Nas memórias das savanas

Nas memórias das savanas...
Procuro-nos e nada encontro.

Procuro no vermelho do sol
Nas florestas e queimadas
Algo que me leve a ti
Nadas que me levem a nós

Onde estou
Que não te encontro
Onde vou
Que nem eu sei
Que caminho foi
O que trilhei.

As imagens estão esbatidas
As memórias desbotadas
As fogueiras apagadas
Dos caminhos nada sei.

Nas memórias do cacimbo
Procuro-te e não te vejo
Envolta na areia do mar
À noite mais ao fresquinho
Procuro-te nesse luar.

Procuro-me nas tuas histórias
Que tinhas para me contar
Tantas inacabadas
Em suspiros dum olhar…

Onde estou eu
Na história que não acabaste
Quando de súbito paraste…

II


Se ao menos estivesses aqui!

Deixaste-me uma mensagem escrita
numa folha de papiro
lá no meio do pântano.
Para mim o pântano é intransponível
e à mensagem nunca chegarei.
Chegavas tu,
porque de ousadia e força,
a natureza te dotou.
E eu o que sou?
Uma teia de aranha,
onde desenhei sonhos com toques leves
desfeita pelas bolas de granizo.

Se ao menos tu estivesses aqui
para reparares o rombo nas sedas!

Se ao menos aquela lágrima peregrina
que te desceu derradeira
tivesse caído nas minhas mãos!
Nelas passaria a língua para,
com o sal restabelecer as minhas forças.

Deixaste-me trilhos nas savanas
onde os teus pés deram ais.
O capim cresceu
e, dos teus trilhos nem sinais.

Resta-me o resto de gin,
no fundo da garrafa,
a evaporar aos poucos,
aquele que por falta de tempo

nos sobrou.

Resta-me a lembrança do teu olhar doce
a amenizar o trilho por entre tojos e silvas.
Se ao menos tu estivesses aqui!...

quarta-feira, 12 de março de 2014

Sem a minha canção

Olha!
Há primavera lá fora,
há flores a abrir,
terra a parir,...
indiferentes
à falta de palavras no poema

Olha a margaça a falar com a papoila,
o lírio a abraçar a rosa,
a urze a beijar a giesta,
a violeta a crescer na fresta
e a sorrir para os picos de tojo,
indiferente ao picar.

Uma aqui, outra ali,
algumas ou em multidão,
misturam aromas,
desabafam queixumes,
partilham alegrias e prantos
e,
quando de cortinas abertas
olho através da vidraça,
vejo que sem a minha canção,
em harmonia elas nascem,
crescem,
murcham e morrem
sem sentirem solidão

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

E,… fui bebendo

 Respirei fundo,
uma, duas vezes,
sei lá quantas seriam,
com a fome de quem tudo quer respirar,
sem que nem um grão de oxigénio sobre,
à doçura do aroma…
Tília florida no mês de Junho,
respirei-te o corpo e o cabelo,
as folhas e o tronco,
sorvi-te o doce das flores.
Bebi-te em chá no Inverno,
a escaldar,
adoçado com mel,
na penumbra do lume a arder,
lançando uma batalha
de centelhas a chispar…
Respirei fundo,
uma, duas vezes,
sei lá quantas!
Sustive ie
fui bebendo…

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Sim, eu sei


 
Sim, eu sei

Que o tempo abre buracos

De tanto a tela esticar.

.

Por isso

Não me dês tempo!

Basta-me escrever

Para que me pareça

Ouvir a tua voz

E beber-te o riso.

 

Sim, eu sei

Que o tempo é veloz

Que o tempo não espera

E há que retalhar o tempo

Para fazer muitas camisas.

 

Por isso

Não me respondas!

 

Isto é só uma voz e o eco

Uma viagem de ida e a volta

Uma carta perdida

Uma chamada não atendida

Um monólogo que me basta

Uma canção que canto e ouço

Uma imagem

Um poema que me nasceu feto

Sem tempo para se formar.

 

 Sim, eu sei… 

Eu sei que o tempo

Nos passa sempre a correr

E há que esticar o tempo

Até a vida gastar

A água que passa não volta

E o rio corre para o mar.

 

Por isso

Não me respondas!

A mim me basta escrever
O poema.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Mas eu quero!


 
 Cresce musgo no meu corpo
E o tempo…
O tempo,  meu inimigo
Nem me pergunta se quero 

Nasci numa terra onde as pedras
Eram regadas com  suor
De corpos
Onde em poucos
O musgo chegava a crescer… 

Agora
Arrima-se-me o bolor no musgo
Roubado às pedras
Que me regam
Com seu suor acidificado
Que tanto me faz doer


E o tempo
Nem me pergunta se quero
Mas eu quero…
Quero o tempo!  

Seguidores

Arquivo do blogue