Acerca de mim

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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Quando


Quando tiver que parar
que pare onde valha a pena,
que pare porque alguém me faz parar
me vê por dentro como eu sou,
e  é capaz de sugar
a raiva que dentro me ficou.
Que me conte a história vivida
em cada dia

e eu lhe conte a minha,
me componha uma canção
com as notas do estio
e os meus dedos

lhe escrevam o poema
com a métrica de um sorriso.

Quando tiver que parar
que seja num planalto de imensidão
onde as rochas humedeceram
pelo suor dos oprimidos,
pelas lágrimas dos incompreendidos,
onde os socalcos nasceram
do trabalho dos famintos,
onde o sol e a geada queimam,
os horizontes me parecem dunas,
onde no céu há estrelas,
na terra constelações,
onde em tempo se cantava aos serões
e eram parcas as ceias.

Mas se tiver que parar sem piedade,
finalmente,
que pare de repente
para que o parar não me pareça eternidade
e não me doa
o parar tão lentamente…

Mas se um dia me vires inerte,
quase sem vida,
faz-me rir como criança, à gargalhada
e verás que em mim
nascerá vida, novamente!

 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Que faria eu sem as minhas mãos!?



Que faria eu sem as minhas mãos
Se com mais nada me digo e sou!?
Nos lábios enrolam-se-me as palavras
Que de tão envergonhados
Não sabem como te dizer.

Que faria eu sem os dedos
Para do teu corpo tirar música
Do coração golfeadas
Dos teus olhos oceano
Donde sou incapaz de fugir!?

Com elas grito, cavo, amacio
Massajo a dor, acarinho, esmado
Falo, escrevo, pinto, bordo
Enraiveço-me, beijo, amanso
Faço doce do que era amargoso.

Que faria eu sem as minhas mãos
Ainda que jogas lhes tenham nascido
Tirando-lhes finura e dando manqueiras!?
Mas as mãos ralham, fazem, não se ficam
Levando os dedos a dizer-me toda…

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A urgência


Foram as palavras

que nos aproximaram,

em tempo em que corrias e,

ao meu passo mais sereno

também eu ia correndo.

Tinhas pressa, sempre pressa,

resistente que nem pedra,

da mais ferrenha,

desperto que nem fonte

que mais à noite mana.

Fizeste das palavras açudes

onde te refrescavas,

miradouros por onde viajavas,

terra fresca com que te alimentavas,

janela por onde olhavas

e das preocupações te libertavas.

Corrias

e fazias das palavras combustível

para acelerar o teu correr.

Continuam a remexer

na tua cabeça as palavras

e fazes agora delas cajado para travar,

amparos para a pedra a esfarelar.

Não há em ti pressa mas urgência…

A urgência de cada momento

para cada momento

em palavras eternizar.

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