Acerca de mim

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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

domingo, 31 de outubro de 2010

Carl Orff: Carmina Burana

Tchaikovsky Suite do Bailado 'O Lago dos Cisnes' 1 e 2

Não sei

Não sei
se o que avanço é com os passos
que as minhas pernas autorizam
ou se, pelo contrário,
elas entraram em colapso
e caminho
com a inércia dos passos caminhados.

Esmago
a fúria contra os rochedos
dum oceano revolto,
aperto o peito,
sustenho o respirar
para que nos olhos
não cresça a raiva,
em vez de lágrimas.

Suspeito
que o mundo onde me largaste
não é o meu mundo,
o campo onde me movimento
não é o meu espaço.

Ó céus,
para quê tantas estrelas cadentes,
tantos meteoritos a incendiar a terra
e a cavar fossos
cada vez mais profundos
entre as gentes?!

Ó terra,
vendida por mercadores,
hipotecada ao futuro,
sem garantias,
com promessas de Éden,
não deixes!!

Não sei se quero avançar
neste estádio acabado,
ou antes regredir,
voltar a larva
e assim ficar.

Não sei
se caminho
para este futuro incerto
ou se paro,
semente perdida
num deserto!...

Almas gemeas

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Paleta

Às vezes
Há uma paleta a que faltam pigmentos
Cores que talvez não identifique
Não procure, ou
Procurando não encontre
Mas avanço

Há vazios
Que permanecem incolores
Onde a tinta não agarra
As palavras não dançam
A música não vibra
Tudo pára
Nada alcanço

Depois
Completo a paleta
A tela enche-se
As fontes brotam palavras
Os sons produzem melodia
E eu
Danço, danço

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Talvez um dia

Talvez um dia eu vá
como se estivesse perto,
aonde em sonhos mitigo
as sedes de longo deserto.

Talvez um dia eu encontre
o que deixei soluçando.
Talvez depois eu te conte
o que solucei deixando.

Talvez um dia eu abrace
o que ao longe eu abracei,
envolvendo-me em teus cabelos,
nas tuas águas nadei.

Talves um dia eu vá
comer da terra vermelha
como chama de alimento
para esta paixão acesa.

Talvez um dia eu entre
nos teus frondosos mangais
talvez eu escreva poemas
em papiros dos pantanais.

Este talvez é certeza
que no peito me pulsa firme
pois nunca será incerto
um querer assaz sublime.

sábado, 16 de outubro de 2010

Aconchega-me

Aconchega-me, neste Outono morno, para que o meu corpo retenha o calor que me há-de desfazer o gelo que se me agarra no Inverno.

Ampara-me o corpo para que não caia e ajuda-me, no meio destes ruídos, a destrinçar o canto do rouxinol que pousa nesta árvore cujos ramos entram pela janela da sala que me serve de refúgio aos meus dias pardacentos.
Estou cansada dos sons que me chegam do écran para onde já não ouso olhar porque só injustiça lá assoma.
Tenho estado calada, demasiado calada, pois eu sei que a este meu longo silêncio se seguirá uma tempestade de palavras com que te contarei a imensa raiva que me vai na alma por tudo aquilo a que assisto atónita, boquiaberta, impotente.

Aconchega-me, neste dia soalheiro, para que eu retenha o sol que me alumie os dias em que a alma está envolta em denso nevoeiro.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Há palavras

Ha palavras que são gelo
outras sol em glaciar
Há palavras que fazem rir
Outras que fazem chorar.

Há palavras que ficam
presas na sílaba mais profunda
e há palavras que saem
livres
sempre a saltar.

Há palavras
que são lanças
duma guerra que não querem
Há palavras que são gritos
cansadas de seu penar.

Ah,
mas há palavras que são olhos,
mãos, pele,
deleite
e doce mel
duma nascente a brotar...

sábado, 9 de outubro de 2010

Calaram-se as guitarras...

Segurámos o prato na mão, sentámo-nos no muro e degustámos o prato frio de salada variada com pequenos pedaços do peito de galinha caseira. O tempero era apenas azeite, vinagre e ervas aromáticas, colhidas no canteiro próximo da cozinha. Fomos seguindo a bola vermelha que aos poucos se ia escondendo atrás dos montes, deixando um clarão vermelho no céu que lentamente se foi dissipando, até que noite caiu.

Depois, pegámos nas guitarras e sentámo-nos sobre o banco de pedra, virado a nascente, onde uns minutos mais tarde a lua surgiu redonda, enorme e resplandecente, justamente la linha do horizonte traçada pelo monte sobranceiro.
Fomos tocando. Eu apenas deixava cair a mão nas cordas porque mais nada sei fazer, de modo a acompanhar o ritmo da canção.

De repente surgiram os sons da noite: a rãs incansáveis, os grilos às centenas aqui e acolá, com aquele cantar ininterrupto, uns muito perto, outros mais longe e, ainda mais longe, o mocho piava num ritmo certo. Os nossos dedos paralizaram e as nossas guitarras calaram-se sentindo-se impotentes, inúteis...
Os sons da noite calaram as guitarras!...
Encostámo-las a uma rocha que estava junto ao muro e ficámos em silêncio, sem darmos conta do tempo que passou. Quando por fim olhámos para a rocha já não as conseguimos distinguir, tornaram-se transparentes, quase invisíveis...

Não há orquestras que superem os sons da noite, quanto mais, simples guitarras!
Lá permaneceram na sua silhueta quase invisível até ao romper da aurora.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

dos teus olhos...

Uma vida vazia. Vinte e cinco anos de uma vida cheia de nada! Acordei de madrugada e escrevi num papel que estava na cabeceira a palavra MOTE. No dia que entraste no meu quarto para leres o romance que tinha escrito para preencher o vazio perguntaste-me o que significava. Nem mesmo passados que foram vinte e cinco anos fui capaz de to dizer.
Há vinte e cinco anos os nossos lábios estiveram quase colados quando nos mirámos a uma distância ínfima; ambos quisemos, ambos desejámos ardentemente, mas afastei-me e disse-te apenas adeus, ao mesmo tempo em que me virava para entrar na gare de onde o comboio partiria dali a escassos segundos.
Tu correste atrás ainda a tempo de encostarmos as mãos no vidro, e, pude ver as tuas lágrimas, à medida que corrias.
Vivi um casamento que não sobreviveu à recordação dessas lágrimas.
Tu, com dois filhos que adoras, vives uma relação do faz de conta. Não precisas de mo dizer, vejo nos teus olhos, uma relação sem temperos. Vinte e cinco anos vazios!
Peguei no papel e finalmente escrevi a letra que faltava e fui ao teu encontro.
AMOTE: Finalmente fui capaz de to dizer...
Finalmente, o beijo desejado!...

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