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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

sábado, 9 de outubro de 2010

Calaram-se as guitarras...

Segurámos o prato na mão, sentámo-nos no muro e degustámos o prato frio de salada variada com pequenos pedaços do peito de galinha caseira. O tempero era apenas azeite, vinagre e ervas aromáticas, colhidas no canteiro próximo da cozinha. Fomos seguindo a bola vermelha que aos poucos se ia escondendo atrás dos montes, deixando um clarão vermelho no céu que lentamente se foi dissipando, até que noite caiu.

Depois, pegámos nas guitarras e sentámo-nos sobre o banco de pedra, virado a nascente, onde uns minutos mais tarde a lua surgiu redonda, enorme e resplandecente, justamente la linha do horizonte traçada pelo monte sobranceiro.
Fomos tocando. Eu apenas deixava cair a mão nas cordas porque mais nada sei fazer, de modo a acompanhar o ritmo da canção.

De repente surgiram os sons da noite: a rãs incansáveis, os grilos às centenas aqui e acolá, com aquele cantar ininterrupto, uns muito perto, outros mais longe e, ainda mais longe, o mocho piava num ritmo certo. Os nossos dedos paralizaram e as nossas guitarras calaram-se sentindo-se impotentes, inúteis...
Os sons da noite calaram as guitarras!...
Encostámo-las a uma rocha que estava junto ao muro e ficámos em silêncio, sem darmos conta do tempo que passou. Quando por fim olhámos para a rocha já não as conseguimos distinguir, tornaram-se transparentes, quase invisíveis...

Não há orquestras que superem os sons da noite, quanto mais, simples guitarras!
Lá permaneceram na sua silhueta quase invisível até ao romper da aurora.

1 comentário:

  1. Adelaide: lindo o teu texto, tens razão já não há orquestas e guitarras que calem o som da noite.
    Beijos
    Santa Cruz

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