Acerca de mim

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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

terça-feira, 26 de março de 2013


Ó povo

 

Como eu queria escrever a verde!

De coração aberto

 o faria.

Como te direi que está tudo bem

se há estômagos colados

se os colchões onde gente,

cada vez mais gente se deita

são casas de rua feita

 telhadas pelo céu,

e nem sequer o céu é quente?

 

Onde nos levarão os deuses

de  Olimpos em desordem?

 

Ó povo,

quem és tu,  povo,

nesta Europa em geral?

 

És escravo e chamam-te livre,

és livre de mãos atadas,

feridas e amordaçadas

por ditadura do capital.

 

Ó povo em escravidão,

tens a rua por algemas,

o servilismo por capa,

o desemprego por pão…

 

Ó meu país!

Se o  Poeta cá estivesse

do mar, talvez ele dissesse

Ser de lágrimas e podridão

quinta-feira, 21 de março de 2013

Nas asas dun sonho







Pedi ao vento
que me levasse nos cabelos,
em viagem sem destino.


O vento ouviu o meu pedido
e levou-me, em viagem;
primeiro em voo picado

depois em voo sustido.


Do mar recebi a aragem,
do sol recebi o calor;
olhei para a lua serena
e suas crateras observei,
detive-me no cintilar duma estrela
e a um cometa me segurei.

 
Ele exagerou no seu voo
e de tão rápido, enjoei.

 
Com um grito de desespero
roguei ao vento então,
que entrançasse os cabelos,
me prendesse
e me pusesse no chão!


Prendeu-me com suas tranças,
como em braço de guindaste
e em viagem alucinante,
na terra fez voo rasante.


dum sopro abriu a janela
dos meus olhos e do quarto,
e dizendo:
A tua viagem acabaste,
deixo-te aqui e eu parto.



Fechei a janela ao vento
e as minhas janelas também
recomecei outra viagem,
no sonho que a vida sustem.

 

(An mirandés)





Nas alas dun suonho


 

Pedi al aire
que me lhebasse ne l pelo
an biaige sien çtino.


L aire oubiu l miu pedido
i lhebou-me an biaige;
pormeiro an bolo dagudo,
apuis an bolo sustenido.


De l mar recebi l´araige,
de l sol recebi la calor;
mirei la lhuna serena
i sous galatones ouserbei;
pasmei-me ne l relhampar dua streilha
i a un quemeta m´assigurei.


El eizagerou ne l bolo
i, de tanta mecha, mariei.


Cun un bózio de zaspero,
amplorei al aire por duolo,
que antrançasse l pelo,
me prendisse
i me punisse ne l suolo.


Prendiu-me cun las sues tranças,
cumo an braço de guindaste
i an biaige stuntiante,
na tierra fizo bolo rasante.


Dun assopro abriu la jinela

de ls mius uolhos i de l quarto,
dezindo,
la tue biaije acabeste,
quedas eiqui i you scápo-me.
 

Cerrei la jinela al aire
i las mies jinelas tamien,
ampecei outra biaige,
ne l suonho que la bida susten.

terça-feira, 19 de março de 2013

Pai

Pai!


Tantas histórias por contar,
tantas palavras por rimar,
tantos poemas por nascer,
tantos frutos por colher...

Voaste duma história a meio contar,
daquelas que tu viveste,
de muitas que não escreveste
e que não sei acabar.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Como tu…


 

 
Se me ensinasses o modo de tecer o fio

e o tear não embaçasse nos nós da vida

e serena soubesse tecer um rosto como o teu

 

 Se me ensinasses a dizer calada

 e discreta eu dissesse

sem que a boca traísse o meu dizer

 

Poria um lenço, juro que poria!

 

Quiçá roxo como o teu

e ele me segurasse o tecido

de que o meu rosto se vai tecendo,

disfarçasse a aspereza dos cabelos

e me secasse as lágrimas vertidas

por não saber,

como tu,

… envelhecer

Rendilhados na pele


Que segredos esconde
o teu olhar roubado ao mar,
que feitiços enrolas nos cabelos,
que paixão ateias nas maçãs do rosto,
boca de romã contornada a amora
desejando beijos com sabor a mosto.

De mãos lisas a esculpir as tranças,
pareces menina a caminho da escola.
E,
se rendilhado não fora
o cetim que te cobre o rosto,
seriam de primavera as flores
escondidas em subtis desejos
ateando fogo ao teu olhar
e formando orvalho
na boca a pedir beijos

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