Acerca de mim

A minha foto
Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Com aroma a alfazema

Sentiu-se tensa naquela tarde fria. Há dias em que nem ela sabe porquê que os músculos se retesam em espasmos, tão involuntários quanto indesejáveis. Talvez falta de potássio, quem sabe ou antes uma vida de preocupações e correrias. O corpo a dar sinais de cansaço e que nem sempre se lhe dá a devida atenção.
Chegou tarde do trabalho, às oito mais precisamente; o cuco cantou no relógio antigo que a avó lhe dera e que é uma relíquia da marca Reguladora, hora regulada na verdade, nem um segundo a mais ou menos desde que não se esqueça de lhe dar manualmente corda.
Foi deixando coisas para trás à medida que ia caminhando, afinal que diabo, não tinha que dar satisfações a ninguém desde que há um ano pedira o divórcio após mais de trinta de casamento, trinta e tal anos de tudo um pouco. A balança a dada altura pesou para o lado de querer viver sem que alguém lhe quisesse cobrar fosse o que fosse.
Tirou a chave da porta, bateu-a com força como que a desejar que tudo ficasse definitivamente no exterior. Na cozinha branca e preta deixou a caixa com o jantar, comprado ao virar da esquina, coisa pouca, como convém. Depois largou a mala, o casaco e a boina que habitualmente lhe cobre a cabeça, alternando com boné, ou chapéu. Respirou fundo e murmurou de alívio; finalmente em casa! Que dia, com a breca!...
Preparou o banho de sais e espuma com a aroma a alfazema, acendeu uma vela do mesmo aroma e pô-la junto à banheira. Foi tirando as peças de roupa lentamente, como se esse também fosse um dos truques de relaxamento e colocou-a no cadeirão do quarto. Depois deixou-se estar coberta de espuma, massajando o corpo, saboreando cada toque, respirando o aroma daquele ambiente perfumado e de luz difusa. Respirou de alívio, sentiu-se outra. Secou o corpo, massajou-o com o creme corporal, vestiu o pijama de veludo, calçou umas pantufas quentes. Depois, o roupão azul turquesa, veludo macio e quente. Passa-lhe a mão com frequência e encosta a cabeça na gola volumosa, para lhe sentir a macieza. Veludo por dentro e por fora. Adora roupas macias e bonitas para estar em casa.
O jantar na sala de estar servido num tabuleiro, acompanhado com música calma e um sumo de laranja natural, saboreando cada dentada, cada som, cada toque macio no roupão de veludo, azul turquesa.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Seguidores

Arquivo do blogue