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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

domingo, 29 de agosto de 2010

O apêndice, no corpo sábio de mulher madura

Há uma música que se me entranha no corpo e me invade esta sala com ondas de sublimação, penetra no ar, invade-me a alma, pinta de luz o tecto a combinar com o céu estrelado, ofusca a lua que já inveja a luz que daqui sai em feixes intensos. Tudo é mágico nesta madrugada e, de tanto sentir a magia, apetece-me partilhá-la com amigos noctívagos. Olho para o telefone mas depois hesito. Não, já é tarde, não ligo. E vou bebendo esta madrugada acompanhada de um whisky e de Tchaikovsky.
Tchaikovsky produz maravilhas na minha alma, o whisky apenas serve de companhia no silêncio. Quase nada, rigorosamente nada, em boa verdade. O que é uma bebida que dou ao corpo se a música clássica é antes uma bebida que estou a dar à alma, neste ermo onde até posso abrir as janelas sem que ninguém acorde, que mais não seja para fazer inveja ao céu, porque isto é mais que céu, é céu com todas as estrelas, a lua, o caminho de santiago e o sol que daqui a escassas horas despontará neste horizonte, na linha dos montes da minha infância.
Que é uma bebida e um céu estrelado, comparado com esta música que me leva para o Olimpo doutros deuses, de tantos deuses...
Que é uma lua comparada com a sinfonia que me chega a mim sozinha, só eu e a madrugada, cujos sons me fazem ganhar asas, levitar e depois poisar em núvens de algodão, lençol bordado a seda sobre cetim branco.
Agora tocam com vigor os instrumentos para logo a seguir ganharem a suavidade dos fios nos casulos espalhados pela amoreira. Depois flui como flui um rio de planície no Outono da vida.
Tudo é belo nesta madrugada que me aconchega no casulo de um pirilampo e aí eu sou luz à beira do caminho a indicar os passos aos caminhantes, na solidão das suas vidas.
Tudo é silêncio na minha alma para sorver estes sons que me chegam aqui ao lado, simples colunas e me transportam para salões com excelentes acústicas onde o som me chegue genuíno e não com os ruídos de um simples equipamento descartável de vídeo.

Ah! Mas eu sou capaz de ir longe, até ao São Carlos, a Berlim, a Londres e sou capaz de ir aos campos da minha aldeia, para ouvir os passarinhos sob a orientação do maestro rouxinol, em sessões ininterruptas.
Há no copo metade do Whisky e nem sei se o irei beber até ao fim. O que é o whisky comparado com outro CD que vou por no pequeno prato?!
Nada! Apenas o inútil apêndice, no corpo sábio de mulher madura!...

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