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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Chuva de Maio




A chuva, puxada pelo vento, forma gotículas que se assemelham a pequenas pérolas. À medida que o vento traz mais água, essas gotículas vão engrossando e deslizam vidros abaixo, como se fossem estrelas cadentes.
O céu está carregado de nuvens escuras que vão despejando a chuva que há uns tempos era pedida. De tal forma era desejada que os habitantes, crentes nos milagres de Fátima, rezaram uma novena. Não me interessa se por milagre ou não, a chuva veio e veio fria, miudinha.

O vento sibila de encontro aos pilares de granito. Sentada, a ouvir esse sibilar, os meus pensamentos vagueiam à velocidade do vento, à medida que os meus olhos olham os campos verdejantes, o céu cinzento carregado, com pequenas manchas de azul celeste junto à linha do horizonte.
Olho através de janelas rasgadas e desnudas, viradas a nascente, sul e poente. Desnudas como convém no campo.
As cortinas, por mais leves e transparentes que sejam, são para mim como que nuvens escuras que tapam o luar de Agosto.
Janelas desnudas são canais abertos à cor, à beleza, à divagação, ao sonho.

Os pássaros, esses reduziram os cânticos. Só de vez em quando passa um ou outro mais afoito a desafiar a chuva fria. Meteram-se nos ninhos para protegerem os ovos ou os pequenos filhos.
As árvores balançam e a localização estratégica do ninho,deixou de o ser, pela mudança da posição dos ramos embalados pelo vento, o que confere uma maior vulnerabilidade aos pequeninos pássaros.
Os grilos recolheram-se nas profundezas dos buracos e calou-se a orquestra.
A azáfama da toupeira contrasta com o estado de sonolência da maioria dos outros; fura em estado de quase loucura, túneis intermináveis para drenar os terrenos. Está a exercer com elevado profissionalismo a sua função, embora seja mal interpretada e frequentemente recebida com um golpe de morte, quando à superfície emerge com o montão de terra molhada.

Também eu sinto uma sonolência leve, um torpor hipnótico, causado pelos sons em surdina da natureza, do ruído da chuva que agora cai mais forte e, por esta luz difusa que me chega de um sol escondido, perdido no firmamento.
Uma sonolência que me convida a fechar os olhos, ouvir o silêncio e, quem sabe, a uma soneca reconfortante, numa tarde primaveril com laivos de Inverno…

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