Acerca de mim

A minha foto
Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Não me tem apetecido

Há muito que não escrevia.
Coisas há que espicaçam e compelem os dedos a escrever, outras, nos petrificam, como se a força dos  dedos se tivesse transformado em mármore fria e os tornasse incapazes de um gesto ousado; a mente não passa de um monte de torpor, lixo deixado à beira da berma, carregado de fumo dos escapes.
Foi assim que fiquei, sem fôlego e em estado de choque depois de ter ouvido as medidas para equilibrar as finanças,  debitadas pelo primeiro ministro deste país combalido.

Porquê sempre nós, a classe média quase extinta? Porquê nós baixo/remediados, a viver de ordenados apertados, de reformas ratadas, nós que vivemos o pão nosso de cada dia, nós que nunca fomos capazes de amealhar nos bancos nacionais e muito menos em paraísos distantes, porque aquilo que nos pagavam era a medida certa para uma vida regrada. Nós que não roubámos nem ao Estado nem aos particulares, nós que não ganhámos com cirurgias desnecessárias feitas para aumentar o pecúlio nem fizemos  crianças nascer cirurgicamente se a mãe os pudesse parir pelo processo natural, nós que não recebemos comissões de negociatas, nós que não especulámos, nós que não entrámos em negócios sujos nem lavámos dinheiros dos mesmos. Nós, nós, nós...
Sempre o funcionário público, como se ele fosse o causador do estado deplorável em que o País caiu pelo desgoverno de governantes sucessivos.


Rais ma parta se me apetece escrever! Não apetece mesmo, nem a ponta dum corno... É com se me tivessem dado uma chicotada nos dedos e um golpe certeiro no coração e depois a minha alma de tão assombrada já não me ditasse poesia.
Na verdade, tudo o que se tem passado me aflige, não porque o trabalho me assuste, a fome me atormente. O que me atormenta, é que estas mãos já não me parecem as minhas mãos, o corpo já me doi com o puxar da agulha da costura e do tricot, com o peso da enxada e, as pernas já por vezes não me levam a colher a castanha que pinga no souto distante, e os braços me doem quando tento branquear os lençóis.

Eu sei que são os estados de crise que mais levam as pessoas a escrever, mas a mim não me tem apetecido...
Juro que não!!!!

2 comentários:

Seguidores

Arquivo do blogue