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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Cheiro com cores de especiarias


                                          Imagem da net



Há dias em que a chuva chega sem bater à porta, molha as soleiras e os parapeitos, a roupa do estendal que deixei enfeitado com cores de roupa de verão e leveza de esvoaçantes de festas. Vem e pronto. Quando dou conta já nada há a fazer. Aventuro-me à chuva para salvar algumas peças dos sopros do vento e, antes de concluir o intento, já estou como um pintainho acabado de sair da casca do ovo.

Há dias em que na cidade me faltam coisas que tenho no campo. O contrário também é verdadeiro.
Estivesse eu na aldeia e a chuva não me fintaria desta forma! O chão estava sequioso e, aos primeiros salpicos, despertar-me-ia os sentidos com o cheiro forte a terra molhada. Teria corrido para o estendal e deliciar-me-ia com o gotejar dos primeiros pingos e, passando debaixo do beiral, não levaria ainda com os riozinhos suspensos que me encharcam a cabeça até os miolos e me fazem arrepios nos ossos.

O cheiro a terra seca depois de ter sido salpicada levemente pelo primeiro borrasco,  traz-me a imagem de especiarias garridas, das que se podem ver nos mercados da Grécia, de Marrocos, da Turquia e tantos outros lugares como já vi também em Marselha num mercado de rua. Acho que aquele cheiro, se se pudesse identificar a cor dum cheiro, eu diria que seria vermelho, misturado com terra queimada e um pouco de laranja, de açafrão. Quente, forte, sensual. Da cor da terra em muitos sítios de África. Talvez a minha identificação de cor num cheiro, como muito quente, me venha mais desta terra do que propriamente das bancadas de especiarias que já vi em diversos lugares. Aromas cor de terra. Vermeilhos alaranjados.

Há tantas coisas que na aldeia me fazem tanta falta e que a cidade me dá. Quando chego venho faminta: De cinema, de concertos de música clássica ao ar livre tão frequentes nos jardins de Lisboa e Sintra durante o Verão ou em salas a preços mais convidativos, bailados, museus.
Sou um passarinho livre de campo, mas a cidade fascina-me e faz-me falta e, o mar é ópio que me leva para além dos limites da imaginação.

Há dias em que na cidade não sinto que a chuva me deva trazer o cheiro das cores quentes da terra quente e seca porque simplesmente a acho linda e abençoa e há dias de chuva que me pesam sobre os ombros toneladas.

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