Entra-me a Primavera pela janela
vinda do jardim pintado de verdura,
flores de glicínias, goivos, jasmim e laranjeira,
cultivadas a primor,
regadas com a chuva;
mistura de cheiros,
uns à noite mais intensos,
outros de dia.
Por eles sou levada em sonhos
para jardins longínquos,
quiçá da Babilónia
onde te encontrei
quiçá da Babilónia
onde te encontrei
e te perdi.
Queria falar-te da Primavera,
doce, a deslizar nos peitos
com cheiro a pão quente e maresia;
e das juras de amor
dos rouxinóis
que na árvore cantam
e se beijam
prosseguindo sempre a melodia.
que na árvore cantam
e se beijam
prosseguindo sempre a melodia.
Queria falar-te da Primavera
que vi nascer nos olhos da gaivota
e nos corais
que abrigam peixes
como tu tímidos
quando,
naquele dia ao mirar o Oceano
eu pensei no oceano dos teus olhos.
eu pensei no oceano dos teus olhos.
Queria falar-te da Primavera
que um dia me nasceu em Abril
e me fez livre;
da canção
poema a cheirar a cravos
a crescer num jardim de terra e húmus;
dos sonhos que me nasceram
e rego
todos os dias.
Queria falar-te da Primavera
sugada em cada morango,
em cada nuvem encastelada
e da ânsia de a não perder
com o sentir de beija-flor
a sugar o néctar
duma flor perfumada.
Queria falar-te de Primavera
mesmo que já seja Setembro...
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