Quando me dizes mar, poema,
dizes-me vaga em mar alteroso.
dizes-me vaga em mar alteroso.
Não me digas assim, poema!
Pois tu não sabes que o meu nadar
é feito de frágeis braçadas,
respiração descompassada,
braços e pernas desatentos,
corpo inábil,
na iminência de afundar.
Pois tu não sabes que o meu nadar
é feito de frágeis braçadas,
respiração descompassada,
braços e pernas desatentos,
corpo inábil,
na iminência de afundar.
Se me quiseres dizer,
poema,
diz-me rio,
apressado
ou calmo,
vadio,
ou constante,
esticando com suas águas,
as ervas que lhe são margens,
ou dormindo sobre os seixos
que lhe são leito e
no espelho beijando o céu.
diz-me rio,
apressado
ou calmo,
vadio,
ou constante,
esticando com suas águas,
as ervas que lhe são margens,
ou dormindo sobre os seixos
que lhe são leito e
no espelho beijando o céu.
Diz-me também ribeiro,
apressado,
à beira do precipício,
suspensa a respiração,
arrepios na espinha,
e o abraço a dar-se,
o remoinho a formar-se,
uma força a sugar
toda a espuma em alvoroço
e aí sim,
na loucura do rio,
eu serei vaga alterosa,
envolvente,
apaixonada,
sem pé
nem chão.
apressado,
à beira do precipício,
suspensa a respiração,
arrepios na espinha,
e o abraço a dar-se,
o remoinho a formar-se,
uma força a sugar
toda a espuma em alvoroço
e aí sim,
na loucura do rio,
eu serei vaga alterosa,
envolvente,
apaixonada,
sem pé
nem chão.
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