Marcou-te a vida o rosto.
O trabalho as mãos
No coração
há resquícios de desgosto,
à mistura com perdão
Menina
foste tão pouco,
por falta de tempo de ser...
Trabalho, choros, canseiras,
embrulhados em brincadeira
que mal conseguiste ter
Mãe,
cresceste comigo,
dando-me a teta na ceifa,
quente, tão quente que ardia,
no meu corpo pequenino,
na sombra sempre fugidia,
do carvalho ou do freixo
Enrolas os feijoeiros
com sonhos que desenrolaste,
olhas e tens agora medo,
dos caminhos que trilhaste,
Apoias-te ao meu aconchego,
contas dias, somas dores,
sentes ainda alguns desamores,
de injustiças que te fizeram
Está o teu olhar sereno,
quase a esboçar um sorriso,
estão as mãos em desassossego,
o corpo quase que ri.
Fitas-me como que a dizer,
ainda bem que te pari!
A ti mulher/mãe/menina
8/03/2016
Foto de Teresa Meirinhos
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