
Que sabes tu da miséria,
se vives alienado?
Passas,
de coração engravatado,
pontapeias o papelão
que me serve de colchão,
e continuas apressado.
Que sabes tu da fome,
da fome e raiva que sinto,
se vives empanturrado?
Raiva das intenções,
fome de oportunidade,
de justiça,
raiva da podridão,
da maldade,
dos empresários
que por ganância,
querem mão de obra barata
e vão.
Que sabes tu de mim,
deste andrajo que tu vês?
Pensas tu que eu era assim
e sou preguiçoso talvez?
Roubaram-me tudo:
O trabalho, a casa,
o meu mundo, a dignidade,
a água para me lavar;
e a idade
é pouca ou muita,
conforme lhes interessar.
Que sabes tu de mim,
deste monte de farrapos,
nas arcadas da tua rua?
Eu que era bem vivido,
bem falante
e tal como tu, pedante,
nesta verdade crua,
agora virei sem abrigo.
Que sabes tu?
Nem eu sabia!...
Um dia!...
Que sabes tu de mim,
deste andrajo que tu vês?
Pensas tu que eu era assim
e sou preguiçoso talvez?
Roubaram-me tudo:
O trabalho, a casa,
o meu mundo, a dignidade,
a água para me lavar;
e a idade
é pouca ou muita,
conforme lhes interessar.
Que sabes tu de mim,
deste monte de farrapos,
nas arcadas da tua rua?
Eu que era bem vivido,
bem falante
e tal como tu, pedante,
nesta verdade crua,
agora virei sem abrigo.
Que sabes tu?
Nem eu sabia!...
Um dia!...
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