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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

domingo, 8 de novembro de 2009

Um Domingo cinzento

Acordei com o dia já cinzento, mas nem por isso fiquei triste como era o dia.
O ar húmido que apanho, quando pelo quintal deambulo antes da chegada da chuva, encaracola-me os cabelos, conferindo-lhes um ar de maior rebeldia.

Um almoço a dois. Os filhos hoje não puderam. Um almoço adequado ao dia húmido, um tanto frio, acompanhado com uma salada de azedas, das dos paredões do Douro e que já se habituaram ao clima do quintal, em Sintra; uma outra tacinha de alface e rúcula também do quintal, para que a refeição se tornasse mais leve, pela mistura biológica do verde das saladas e os olhos se sentissem mais fácilmente saciados, com a paleta de cores verdes.

Um fantástico documentário sobre Berlim, na Sic,(quem diria) obrigou-me a mudar de lugar à mesa para que a pudesse acompanhar sem que a cervical me doesse, por olhar para o écran de esguelha.
Excelente! Nos meus olhos formaram-se cortinas de gotículas, diversas vezes, pela emoção. Não é difícil, confesso, mas neste caso justificadas. Berlim destroçada pela guerra, a divisão da cidade, a construção do muro,a polícia Stasi, a separação das famílas por vinte e oito anos em apenas uma noite, finalmente a queda.
Ainda sinto o coração apertado, como aliás já tinha sentido quando visitei a cidade há três ou quaro anos e imaginei o sentir daquela gente. Aquele rectângulo quase perfeito na cidade, que passou a ser a parte ocidental, em mil novecentos e sessenta e um, com arame farpado e apertada vigilância e depois com betão sólido, uma aba saliente ao cimo e algumas partes por um canal.
Morte para quem ousasse tentar transpô-lo.
O Muro da Vergonha! Um dos muros da vergonha, infelizmente, dir-se-á.
No dia nove de Novembro de mil novecentos e oitenta e nove, passados vinte e oito anos fez-se a demolição, a alegria estampada no rosto, o reencontro; o ficar boquiaberto com as coisas ocidentais por mais corriqueiras que fossem.
Dizia-nos uma jovem nascida na parte oriental, criança na altura do derrube: "Fiquei maravilhada com o papel higiénico colorido, só o conhecia branco".

A reportagem fez-me relembrar a cidade que calcorreei durante uma semana, onde pisei várias vezes as marcas do muro no chão.
Uma cidade completa, magnífica e culturalmente imponente, nomeadamente do lado oriental.

Há por todo o lado, nas imediações do que foi o muro e das partes que deixaram intactas,divulgação completa da história, para que a história não se repita...
Assim o desejo.

A seguir à reportagem, a chuva. O convite para ficar em casa.
Não, não vou desta vez obedecer à chuva, mesmo que o som das goteiras seja reconfortante...
Tenho que sair, caso contrário, arriscar-me-ei a ficar melancólica...

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