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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Para onde queremos caminhar?




Uns olhos negros pedem ajuda.
Lindos, expressivos numa expressão triste. Uma imensa ilha num rosto negro, corpo de menino marcado pela dor: uma alma tão inocente a sofrer, um corpo tão pequenino a gemer silêncio. Aguenta firme sem que a primeira lágrima engrosse e um rio desça cara abaixo apesar das dores que deve sentir quando, um jovem português lhe faz o penso para lhe tratar e tapar as chagas. Está só, não tem com quem partilhar as lágrimas e talvez por isso não chore. Os pais já não estão para lhas limparem.

Outro, ao colo da mãe sentada no chão da tenda transformada em hospital, chora com dignidade na dor, a de um menino que cedo se habituou a sofrer.
Pronto, já acabou, disse o jovem médico português à medida que ia dizendo à mãe que seria aconselhável fazer uma radiografia ao joelho. O rio de lágrimas evaporou-se de imediato, nem mais uma, nem mais um soluço lhe ficou no peito.
Meninos corajosos, uma coragem que lhe vem de dentro das entranhas e que cresceu como grama em solo seco, como um cacto no deserto.

Espírito de entrega, amor ao próximo, altruísmo e um sem fim de adjectivos que só podem ser usados para definir pessoas com uma formação baseada em valores que infelizmente estão em vias de extinção. Assim é esse médico que, tal como outras pessoas se entregam em doação sem que nada queiram em troca e que mais não recebem senão o sentimento de gratidão dum povo destroçado.
Será que nem catástrofes com0 esta fazem com que as pessoas reflictam quão pequenos somos, perante as forças da natureza ou perante um conflito armado sério.


Depois, comecei a pensar no terramoto e na guerra aberta que se está a travar em Portugal, onde altruísmo e espírito construtivo são coisas em desuso.
Um terramoto causado pelo homem, não um terramoto a abanar o físico, mas a abanar as mentes.
Acontecimentos a exceder os limites do razoável, pessoas a exceder os limites das suas funções... Falta de respeito pelas instituições em que bombardeamentos se cruzam em todas as direcções sem haver respeito algum pelo alvo, seja ele quem for, nem respeiro pelos cidadãos.
Os políticos a agirem levianamente, palavras e actos sem serem previamente ponderados e sem medir as consequências dos mesmos, falta de transparência e rigor, causando desilusão àqueles que os elegeram.
Uma comunicação social sem regras, tendenciosa na sua maioria que, a coberto da liberdade de imprensa comete barbaridades, como se dever público de informar fosse o pôr a nú o que é do domínio privado, atacando e acusando mesmo que nada esteja provado, num desrespeito total pelas instituições.

Em que país vivemos e o que esperamos com estas guerrilhas de emboscada?

Para onde queremos caminhar se já estamos numa situação económica tão débil, com um défice elevadíssimo, com as empresas de rating a colocarem Portugal como um país quase incapaz de honrar os seus compromissos, fazendo com que os juros pagos pelos portugueses aumentem exponencialmente?
Para onde queremos caminhar com querelas que mesmo que pertinentes, nos fazem esquecer os verdadeiros problemas do país, os problemas sociais decorrentes do desemprego, as pensões de miséria, a fragilidade das instituições de segurança social?

Não querendo ser excessivamente dramática, foi num clima semelhante ao que hoje se vive que a primeira República caiu e originou cinquenta anos de ditadura.
Também nesse tempo havia uma situação económico desastrosa, desrespeito pelos Órgãos e Instituições do Estado, desrespeito e descrédito pela Justiça, descontentamento e conflitos sociais.
Para o bem e para o mal, os acontecimentos históricos repetem-se.
A seguir, sabemos bem o que foi a falta de liberdade e a censura. Pelo menos as pessoas da minha geração sabem-no.
Era bom que toda a gente soubesse. Se assim fosse, não se levantariam de ânimo leve as vozes, pelo menos, sem que fosse provado por quem de direito.
Também em democracia tem que haver regras e essas regras têm que ser extensivas à comunicação social. A entidade reguladora da comunicação social tem que ser um organismo actuante para que a troco da liberdade de imprensa não se cometam excessos dessa liberdade. Os excessos são sempre maléficos, venham eles de que lado vierem.

Era bom que, em breve, este clima de crispação em todos os domínios terminasse e que todos arregaçássemos as mangas com vista à construção de um futuro melhor para nós e para as gerações vindouras, para que futuramente não haja meninos com sorrisos tristes.

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