É apenas mais um lugar onde me sento,
onde pisei searas de trigo
para ser formiga
em cerejeira de tronco rugoso.
Elas doces, negras, magras
que de tão magras,
o caroço lhes saía nas costelas.
E poucas, tão poucas!...
E belas, tão belas!...
Belas, apetitosas e únicas,
como única é a infância
feita de aromas silvestres...
Não foi este o meu casulo,
o meu canto dos silêncios
mas daqui eu posso vê-lo,
lá em baixo na aldeia, meu ninho,
aonde sempre me abeiro,
de mansinho...
Daqui vejo o sol a ir-se,
bola incandescente
tocando a silhueta dos montes
onde os meus sonhos de infinito poisam.
E vejo fontanários
e vejo fontes
e cântaros no parapeito
esperando uma fala apressada.
E vejo tudo,
vejo tudo, em nada...
Quando finalmente o sol me deixa
e Vénus se me faz confidente,
apago os candeeiros da rua
E vejo candeias somente
E vejo crianças
e muita gente...
Gente que trabalha numa canseira infinda,
Esfarelando o pão com as mãos calejadas,
sente tudo,
em troca de nada...
E depois,
em cada casinha,
com sua janela discreta,
eu vejo
o nascer de uma estrela,
trémula, frágil, inquieta.
Atrás dessa, outras,
alumiando serões
e na minha aldeia eu vejo
brilhantes constelações.
A lua de tão confusa
de ver tantas estrelas na aldeia,
humildemente deixou-se
cair inteirinha,
Cheia.
E eu,
... eu vi-te
à luz da candeia!...
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